Uma das atividades que nos foi solicitada foi a de discorrermos, baseados em um texto de Roxane Rojo, sobre o que é texto e das capacidades necessárias para o leitor compreender e construir os sentidos do texto. Esta foi minha resposta:
Seduzir o aluno para a leitura: os desafios para a escola
Seduzir o aluno para a leitura: os desafios para a escola
A leitura é fundamental para que uma pessoa ingresse e participe de forma plena em um sociedade letrada como a atual. Portanto, saber ler é uma das principais portas de entrada para uma existência cidadã no mundo contemporâneo, mas isto requer muito mais do que decodificar símbolos ou dominar o sistema de escrita vigente e disso advém a complexidade do ato de leitura, e, por conseguinte, revela-se um dos grandes desafios impostos à escola na atual conjuntura, o de seduzir o aluno para a leitura realmente eficaz.
Fazer o aluno ler na acepção da palavra, apenas decodificando o sistema linguístico , apesar de alguns empecilhos, nunca foi o maior problema enfrentado pela escola. Em contrapartida, encantá-lo com a leitura, fazê-lo envolver-se com o processo de descobrir o próprio mundo em que se insere, e de outros que ele sequer sonhara existirem, e conduzi-lo a revelar-se por meio das palavras e dos vários discursos que permeiam um texto, isto sim tem sido um grande desafio para a educação formal.
Isso parece dever-se ao fato de que a leitura na escola não se mostra interessante uma vez que o aluno, na maioria das vezes, se vê obrigado a memorizar e reproduzir textos considerados bons, sem que consiga atribuir significados a estas tarefas, e tudo isso a fim de cumprir currículos. Não se trata, portanto, de uma prática que o seduza, que faça dele sujeito na construção dos vários sentidos que um texto possibilita. A escola tem perpetuado uma prática autoritária, que coloca o aluno em uma posição totalmente passiva e muito pouco atraente. Há caminhos para mudar este paradigma, mas isso requer esforços.
Pensar dessa forma requer encarar o texto como algo que vai muito além de um conjunto de palavras ou frases articuladas e desvinculadas de um contexto, e, portanto, esvaziado de ideologias e diferentes vozes. Cabe ao profissional docente conduzir o aluno para uma leitura capaz fazer deste um coautor daquilo que lê, à medida que atribui sentidos e dialoga com o autor, compreendendo que um único texto é repleto de caminhos a serem percorridos.
Assim, as habilidades a serem desenvolvidas a fim de tornar o aluno um leitor competente, na plenitude desta palavra, são muitas, uma vez que é a partir da leitura, primeiro de mundo e depois de textos, que o aluno poderá compreender a realidade em que vive e chegará a importantes conclusões sobre o mundo e os aspectos que o compõem. Ler é o principal suporte para a construção de conhecimentos nas mais diferentes áreas e as habilidades de leitura vão muito além de uma simples decodificação, na verdade, vão além da própria compreensão do que foi lido.
Portanto, à escola compete desenvolver no aluno habilidades amplas de leitura, mas não da leitura mecanizada, de compreensão e interpretação apenas, mas daquela que vê o texto por suas mais variadas vertentes, e que não despreza o contexto, e todos os elementos que este envolve, não se esquecendo que destes elementos participa o aluno como leitor, a situação de comunicação, as ideologias que afloram daquilo que se lê. Enfim, a escola terá sucesso no processo de seduzir o aluno para a leitura à medida que encarar o próprio texto de maneira diferente e mostrar ao aluno que ler pode ser sim algo inspirador.
Ana Paula
Ana Paula
Referências bibliográficas:
ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE: CENP, 2004.
SOARES, Magda. Letrar é mais importante que alfabetizar.
SOARES, Magda. O que é Letramento e Alfabetização? ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
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